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#15/Hoje é um bom dia para morrer.

Foto do escritor: Cadu LemosCadu Lemos



A imagem acima, representa a não dualidade, a consciência desperta e a união harmoniosa da mente e do corpo humano com o todo. Ela busca capturar a essência da unidade, onde não há separação entre o indivíduo e o universo, refletindo a ideia de que tudo é interconectado e que somos parte de um grande e intrincado tecido da existência, onde a morte é definidora da vida.

A consciência desperta é um estado de percepção plena onde a pessoa se torna intensamente ciente de sua própria existência e da realidade ao seu redor, além das limitações do ego. Nesse estado, experimentamos uma sensação de unidade com tudo o que existe, transcendendo as barreiras do “eu” individual e reconhecendo-se como parte de um todo maior.


A morte, frequentemente vista como o fim, pode na verdade ser um catalisador para uma compreensão mais profunda da vida. Ao refletir sobre a morte, somos impelidos a examinar o que realmente valorizamos e o que queremos alcançar. 

Isso pode nos libertar de convenções sociais e expectativas, fazendo com que possamos viver com mais autenticidade e exercendo nosso legítimo propósito, nosso principal talento, devolvendo para o mundo algo que já trazemos em nós.


Essa perspectiva nos encoraja a viver de forma mais consciente, reconhecendo que a vida é transitória e impermanente, assim como tudo nela e que devemos aproveitar cada momento ao máximo. 

Precisamos romper com nosso deslocamento temporal ao passado que já foi e ao futuro que ainda não chegou. Ambos são miragens. O momento de real poder, onde podemos transformar, é o aqui, agora. 


A morte, portanto, serve como um lembrete poderoso para nos concentrarmos no que é verdadeiramente importante, inspirando-nos a criar, amar e viver livremente. É uma visão que ressoa com muitas tradições espirituais e filosóficas, que veem a consciência da mortalidade como um caminho para a liberdade e a realização.


Michel de Montaigne, filósofo francês do Renascimento, nos desafia a adotar uma abordagem diferente em relação à morte - uma que nos liberta. Ao ficarmos mais íntimos com a morte, aprendemos a viver. 

"Praticar a morte é praticar a liberdade", escreveu ele, sugerindo que aquele que aprende a morrer, de fato, aprende a não ser escravo. 


Ralph Waldo Emerson, um dos mais influentes escritores americanos do século XIX, ecoa esse sentimento, lembrando a todos nós de que cada dia é precioso e decisivo. 

"Escreva no seu coração que cada dia é o melhor dia do ano", ele nos instiga. Essa consciência da morte nos dá uma definição mais clara da vida, incentivando-nos a viver cada momento plenamente, sabendo que cada dia pode ser o nosso juízo final. 


Wolfgang Amadeus Mozart, o gênio musical do século XVIII, encontrou consolo na imagem da morte. Em uma carta ao seu pai, ele agradeceu o fato de ter aprendido que a morte é a chave que "abre a porta para a nossa verdadeira felicidade". 

Essa aceitação da morte como uma amiga íntima revela uma profunda apreciação pela vida e tudo o que ela oferece. 


Incorporando a sabedoria dos nativos americanos, que veem cada dia como uma oportunidade para viver de forma plena e corajosa, poderíamos adotar o lema de que "Hoje é um bom dia para morrer". 

Essa frase poderosa não é um desejo pela morte, mas sim um reconhecimento de que, vivendo cada dia como se fosse o último, podemos abraçar a vida com mais intensidade, alegria e compaixão, não esquecendo de um gesto ou uma palavra.


Ao refletirmos sobre o “memento mori” (expressão latina, adotada pelos estóicos, que significa "lembre-se de que é mortal" ou "de que morrerá" ou literalmente, "lembre-se da morte"), somos convidados a viver uma vida mais feliz e consciente, apreciando cada momento e reconhecendo a beleza transitória de nossa existência. 


Praticar o “memento mori” no cotidiano envolve criar hábitos que nos lembrem da impermanência da vida e nos incentivem a viver com mais presença e propósito. 


Nenhum homem aprendeu algo corretamente até saber que todo dia é o dia do juízo final. Tente lembrar frequentemente, saindo do 'piloto automático' dos pensamentos que invadem a mente, que "todo dia é o melhor dia de sua vida", como Emerson já havia ressaltado acima.


A morte dá definição à vida. A consciência da morte é a consciência da vida. 

Lembre-se, “memento mori” não é sobre ter uma obsessão pela morte, mas sim sobre usar a consciência da nossa mortalidade como um catalisador para viver uma vida plena e significativa.


Morte em vida, ou a morte da ilusão do 'eu' separado

Agora vamos falar da morte em vida , ou morrer para o falso eu/ego e toda a ilusão da separação da nossa real natureza que é a consciência desperta. 


Essa morte do falso eu, daquele que pensamos que somos, é uma transição fundamental para o entendimento de que aquilo que buscamos fora, já está dentro de nós, um rompimento com o desejar desenfreado, a insatisfação não localizada, a busca por sucesso, bens materiais e uma comparação constante de imagens projetadas que nos deixam infelizes, sofrendo para cruzar uma linha de chegada que não existe.




A “morte em vida” é uma metáfora poderosa para o processo de transcendência do ego e a busca pela autenticidade. Essa jornada envolve reconhecer e liberar o “falso eu” - a persona construída por nossas experiências, crenças e expectativas sociais. 


Ao morrer para o ego, abrimos espaço para a consciência desperta, a essência verdadeira que reside em cada um de nós.

Essa transição é fundamental para compreender que a plenitude não é encontrada em desejos externos ou na acumulação de bens materiais - tudo isso é transitório, mas sim no reconhecimento de que tudo o que buscamos já está dentro de nós. Ao nos libertarmos do desejo desenfreado, da insatisfação crônica e da constante comparação com os outros, podemos encontrar uma paz e felicidade genuínas.


Ao morrer para o ego, morremos para o desejo incessante e a insatisfação que nos mantêm presos em um ciclo de sofrimento.É um convite para viver de forma mais consciente e alinhada com nossa real natureza.

Descobrimos que a paz e a felicidade verdadeiras estão no reconhecimento de nossa unidade com o todo, na compreensão de que somos parte de algo maior e mais profundo.


A busca da morte do ego é figurativa, está mais para coloca-lo em seu devido lugar, como ferramenta, mas não deixa de ser uma morte simbólica ao ser humano que você pensava que era, desconectado da consciência universal, simbolizando o início de uma vida vivida com mais presença e autenticidade, onde cada momento é valorizado e a verdadeira felicidade é encontrada na simplicidade e na conexão com a consciência desperta.




A conexão profunda entre o ser humano e o universo. 



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"Psiconauta" é uma palavra baseada em raízes gregas que se traduzem em “explorador da mente”. É uma mistura de "psico'', um prefixo usado para descrever processos mentais ou práticas como psicologia e termos como argonauta e astronauta, cujas “viagens e explorações dos mares e do espaço” evocam uma transcendência elevada ou espiritual. A ideia é mensalmente provocar, refletir e agir sobre temas da mente e espírito.

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