Pense por um momento em todas as coisas dessa vida que você vai experimentar pela última vez.
Claro, um dia todos vamos fazer checkout e então tudo terá sido feito pela última vez.
Mas muito antes de você morrer, você vai deixar de ter algumas experiências, experiências essas que você certamente não dá o devido valor agora…
Se você tem filhos, quando foi a última vez que você colocou seus filhos para dormir, ou contou uma história para eles?
Nem tudo a gente considera agradável nesse quesito, por exemplo,se você for um pai ou mãe recente, sabe que acordar várias vezes a noite por conta do bebê é inevitável e transforma noites tranquilas em verdadeiros infernos.
Mas até isso, vai acabar em algum momento. E saber disso, pode mudar essa experiência de forma dramática, num instante.
Você percebe, que até nessa experiência aparentemente desagradável, que todos os pais e mães vivenciam, existe algo especial, que nos sensibiliza, fazendo com que em algum momento lá na frente, você até sinta falta daquelas noites…
Em nossa vida, todas as coisas que fazemos, em algum momento, deixamos de fazer. E nesse mundo conectado, de interrupções constantes, estímulos externos nos sequestrando a atenção, nos tirando o foco do momento presente, nós acabamos não valorizando até mesmo momentos relevantes, especiais, de beleza e simplicidade que passam batido enquanto estamos mudando de atividade em atividade tentando concluir, terminar o que quer que a gente esteja fazendo para já pensar no que teremos que fazer em seguida.
O que é preciso saber é que cada vez que você faz alguma coisa, agradável ou não, essa será menos uma vez que você vai fazer isso. E vai chegar o dia em que você terá feito isso pela última vez e muito provavelmente, você não vai saber quando será.
Eu passava férias de verão todo ano no Guarujá. Na Praia da Enseada. Desde minha infância.
Um belo dia, foi a última vez. Faz mais de 40 anos que não vou lá (só a trabalho às vezes nos hotéis da região). Mas naquela praia onde passei minha infância e adolescência, nunca mais pus o pé.
E eu nunca soube que aquela última vez, seria realmente a última vez.
Quando foi a última vez fez alguma coisa simples, como dar uma caminhada, só pelo puro prazer de caminhar?
Ao longo do dia , considere que tudo o que a gente faz é assim. Tudo o que fazemos, carrega uma oportunidade finita de saborear a vida. Todos os momentos são preciosos, mas não parecem ser…Prestar atenção neles, pode trazer esse entendimento.
Num mundo onde a atenção foi tão fragmentada e desvalorizada por nós mesmos (mas não pelas redes sociais e quem nos transformou em produtos), este entendimento pode fazer toda a diferença.
Atenção é realmente nossa maior riqueza, nosso maior patrimônio, porque prestar atenção no aqui, agora, no momento presente, que é a única coisa que a gente tem de verdade, a única oportunidade para agir e transformar e reconhecer, prestar atenção permite que a gente possa viver de forma plena e significativa.
Atenção é mais importante que o tempo, porque a gente perde tempo com as distrações e interrupções do dia a dia.
Para dar uma dimensão desse problema, eu sempre falo que gestão do tempo é menos importante do que gestão de energia, já que pouco importa que eu tenha uma lista de pendências organizada e uma agenda estruturada, eu só vou conseguir cumprir isto, se não me perder nas demandas e interrupções da vida, especialmente no trabalho, onde passamos mais de 70% da nossa vida adulta...
Para isso, preciso cuidar das minhas reservas de energia e valorizar que algo simples, como um gesto, uma palavra para alguém, uma gentileza, podem representar uma das últimas ações que vou fazer, comigo ou com aquela pessoa.
Um autor americano chamado Tim Urban, criou um gráfico de meses vividos ao longo de 90 anos. Tem um de semanas também. Vou deixar o link aqui para você acessar perceber como nosso tempo escorre pelas mãos e seguramente, na maioria dos casos, é desperdiçado, não valorizado.
A noção de onde estamos neste gráfico é tremendamente impactante e nos dá a dimensão de como o tempo é menos importante do que nossa atenção aos momentos que vivemos.
Todo mundo fala que a vida é curta, mas não é não. A vida é longa, somos nós que não a vivemos em plenitude.
Entender isso, que a morte é o grande lembrete para nossos momentos presentes e como os vivemos, pode nos ajudar a encontrar esse caminho da atenção plena, do entendimento que não somos apenas nossa mente e nosso corpo e que algo muito maior nos une.
Por isso, preste mais atenção quando se relacionar com as pessoas, seja realmente verdadeiro, seja mais autêntico quando quiser agradecer a alguém por alguma coisa.
A única maneira de fazer isso é praticando a atenção plena, voltar para o momento presente, já que a alternativa é estar perdido em seus pensamentos, nesse deslocamento temporal inútil entre o passado que já aconteceu e o futuro que ainda não veio (e não será como você imagina).
Mas não pense nisso.
Sinta isso.
Valorize seus próximos momentos, bons ou ruins como se fossem os últimos.
Que o flow esteja com você.
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