Na busca pela liderança autêntica e eficaz nas organizações modernas, explorar conceitos como o #estadodeflow, nãodualidade e consciência desperta, pode oferecer uma perspectiva única e transformadora.
Nesta edição de O PSICONAUTA, quero mergulhar na sinergia desses conceitos, examinando como a compreensão profunda dessas abordagens pode despertar, informar e moldar uma liderança consciente.
Ao reconhecer a íntima relação entre flow, não dualidade e liderança consciente, temos a oportunidade explorar novas formas de trabalhar, romper com o nocivo ‘comando e controle’ e criar organizações mais saudáveis.
O Estado de Flow e a Natureza da Consciência
O #flow, popularizado pelo psicólogo PhD. Mihaly Csikszentmihalyi, é caracterizado por um profundo envolvimento em uma atividade, onde o tempo parece desaparecer e a realização atinge seu ponto máximo. Existem inúmeros métodos e práticas para acessar esse estado desejado e perseguido desde sempre.
Aqui mesmo, no ProjetoFlow , temos alguns programas dedicados à ativação do flow, especialmente a imersão e mentoria TFT (The Flow Training).
Recentemente, fiz uma provocação aqui no LinkedIn e em outros canais e percebo que essa provocação segue presente com uma recorrência cada vez maior:
E se considerássemos que já estamos imersos no flow a todo momento?
A consciência, essa energia pulsante que nos define, é inerentemente fluida. Cada respiração, cada batimento cardíaco, digestão, cada pensamento, é uma expressão única dessa consciência em constante movimento.
Desvendando a Não Dualidade na Experiência do Flow
A não dualidade, que desafia a separação entre sujeito e objeto, observador e observado, surge como um elo vital para compreender a experiência do flow. Ao reconhecermos que somos, essencialmente, a consciência que observa, abandonamos a ideia de separação (uma das 6 ilusões do ser humano, como bem definiu a autora Katrijn van Oudheusden veja aqui).
Cada indivíduo, em seu estado de flow, torna-se um ponto de vista único dessa consciência unificada.
A não dualidade nos convida a abandonar a ilusão da separação e abraçar a compreensão de que a verdadeira essência do estado de flow é aquilo que já somos desde sempre.
Em vez de praticar e buscar a ativação do flow, podemos entender que estamos sempre navegando nas correntes do momento presente, a única realidade possível.
Aliás, quando estamos em deslocamento temporal (ruminando o passado ou ansiosos pelo futuro), o fazemos no presente, no aqui, agora. Não há outro tempo.
Esta mudança de perspectiva nos leva a questionar como podemos integrar esses princípios na esfera da liderança nas organizações.
Frequentemente, associamos o acesso ao estado de flow a práticas específicas, como meditação, exercícios ou técnicas de gestão do tempo e energia. No entanto, o que aconteceria se considerássemos que essas práticas são apenas lembretes, pontos de ancoragem que nos ajudam a reconectar com algo que já está intrinsecamente presente?
Em vez de ver essas práticas como meios para atingir um estado desejado, podemos compreendê-las como portais para nos reconectarmos com a consciência que já permeia nossa existência. Isso tem implicações profundas para a liderança, pois sugere que a autenticidade e a conexão genuína com a equipe podem ser mais poderosas do que qualquer técnica ou método.
Conectando a Não Dualidade à Liderança Consciente
Ao considerar a não dualidade na liderança, rompemos com a ideia convencional de hierarquia rígida e assumimos uma perspectiva mais holística. Cada membro da equipe é uma expressão única da consciência coletiva, contribuindo de maneira valiosa para o todo. Uma liderança consciente, inspirada pela não dualidade, reconhece que a verdadeira força está na colaboração e na compreensão da unidade não explícita ou ainda velada.
Realizar a não dualidade na liderança também implica em romper com a polaridade tradicional entre sucesso individual e coletivo. Em vez de focar apenas nos resultados tangíveis, uma liderança consciente busca o equilíbrio entre metas organizacionais e bem-estar individual. Isso não apenas fortalece o tecido cultural da organização, mas também aumenta a resiliência e a satisfação dos membros da equipe, algo já notadamente discutido, porém pouco aplicado.
A Autenticidade como Pilar Fundamental
A não dualidade na liderança destaca a importância da autenticidade. Ao entender que cada indivíduo é uma expressão única da consciência desperta, do todo, os líderes conscientes incentivam a autenticidade em suas equipes. Isso cria um ambiente onde os membros se sentem valorizados por serem quem são, encorajando a inovação e a criatividade que surgem naturalmente quando as pessoas se sentem livres para serem autênticas.
Despertando a Consciência na Liderança Cotidiana
A liderança consciente no contexto da não dualidade não é apenas um conceito abstrato, mas uma prática diária. Envolve estar presente no momento, cultivar a empatia (e especialmente a compaixão) reconhecendo a singularidade de cada pessoa. Ao invés de impor uma visão unilateral, líderes conscientes criam espaço para a diversidade de pensamento, promovendo um ambiente que valoriza a contribuição única de cada membro da equipe.
Além disso, a consciência na liderança significa estar aberto à aprendizagem contínua (e muitas vezes, auto-dirigida).
Ao reconhecer que a consciência se manifesta através de cada interação, líderes conscientes buscam constantemente evoluir e adaptar suas abordagens. Isso não apenas promove um ambiente de trabalho dinâmico, mas também inspira um senso coletivo de propósito e crescimento.
Refletindo sobre a Jornada:
A Não Dualidade na Cultura Organizacional
Ao trilhar a jornada da não dualidade na liderança, a cultura organizacional emerge como o terreno onde esses princípios podem florescer ou murchar. Uma cultura que abraça a não dualidade reconhece a interdependência de todos os membros e equipes e forja um ambiente onde as contribuições individuais são valorizadas e não há medo em se expor pessoal e profissionalmente (mais um ponto discutido à exaustão desde a pandemia: a segurança psicológica).
Na liderança consciente, essa compreensão se traduz em práticas diárias que reconhecem e celebram a interconexão entre todos os membros da equipe. Ao invés de perpetuar hierarquias rígidas, líderes conscientes cultivam uma cultura onde a diversidade é valorizada e a colaboração é incentivada de forma genuína.
Em última análise, a jornada na não dualidade na liderança é um convite para transcender as fronteiras percebidas e abraçar a verdadeira natureza do ser. Ao fazê-lo, não apenas melhoramos nosso impacto como líderes, mas também contribuímos para a construção de organizações mais saudáveis, inspiradoras e resilientes, onde talvez, residam as maiores possibilidades de transformação da sociedade.
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